Deborah Kietzmann Goldemberg – Organizadora
Sobre a obra
Esse livro, que reúne uma coletânea de textos emocionantes e sensíveis de jovens e experientes escritores é de enorme importância, pois talvez seja na literatura, na ficção, na dramaturgia, que as pessoas consigam enxergar e perceber o que apenas a razão não tem sido capaz de fazer: o quanto a vida do outro é muito mais importante do que qualquer gole
de imprudência e irresponsabilidade.
Jairo Bouer, maio de 2014
Autores
Ana Miranda
Bernardo Ajzenberg
Bernardo Kucinski
Bobby Baq
Caco Ishak
Carlos Eduardo de Magalhães
Deborah Kietzmann Goldemberg (org.)
Douglas Diegues
Ignácio de Loyola Brandão
Ítalo Ogliari
Luiz Roberto Guedes
Marcelino Freire
Paula Fábrio
Rubiane Maia
Wellington de Melo
Esta coletânea literária foi pensada com o objetivo de ampliar a reflexão e o discurso acerca dos (não) acidentes de trânsito que ocorrem no Brasil, porque a literatura nos traz a possibilidade de ir além do racional e mais próximos da alma humana. O fato de que esses contos não cheiram a álcool e pneu queimado é sinal de que conseguimos isso. Sim, há neles os acidentes de fato e os momentos etílicos, como não poderiam deixar de ser, mas em cada um desses contos há também o que está por trás desse descaso com a vida.
Nos contos dos mestres que agraciaram esta coletânea, Ana Miranda e Ignácio de Loyola Brandão, entramos em contato com um homem contemporâneo que está condenado, pela infraestrutura das cidades, a viver dentro de carros num trânsito insuportável – um acidente sempre a espreita – e podemos imaginar o que deve ter sido o passado em que vivíamos fora das armaduras sem tanto medo de atravessarmos a rua.
Nas histórias dos jovens e nem tão jovens autores de diversas partes do país, nos deparamos com uma ampla diversidade de situações: aquelas causadas pelo desamor, como a que envolve a filha de uma mãe ausente no conto de Bernardo Kucinski e um filho mal-amado e entediado que encontra a redenção na bebida em Bobby Baq. No conto de Paula Fábrio vemos o desamor para consigo e a inabilidade de aceitar os próprios erros surge como motor de um carro desgovernado. O sinistro diálogo interior entre aqueles do “sei que tô errado” é tema do conto impactante de Caco Ishak, que tem parentesco com a psicopatia alimentada por um pai-coronel que encobre os crimes do filho no conto de Luiz Roberto Guedes. A vida dos que sobrevivem aos acidentes é tema do conto suicida de Ítalo Ogliari e, também, de Deborah Kietzmann Goldemberg, que tece uma trama intricada sobre os destinos de vítimas, parentes e perpetradores para sempre moldados por essa experiência. Num dos momentos mais poéticos do livro, Douglas Diegues evoca a “triple frontera” paraguaia com o pior trânsito do mundo, onde os acidentes são tão corriqueiros que quase ninguém liga… exceto as yiyis que ainda amam a vida. A inocência dos últimos instantes de um rapaz prestes a ser atropelado surge no conto existencial de Bernardo Ajzenberg. A indignação é o tema do conto sobre “tudo o que não foi” (que inspirou o título da coletânea) na vida de uma jovem Patrícia de Carlos Eduardo de Magalhães, assim como o de Marcelino Freire que firma a imagem do carrão como grande vilão dessas histórias. A dor da perda, o luto e a possibilidade de libertação é tema do conto reflexivo e emocionante de Rubiane Maia. Finalmente, o fantástico ghost-conto de Wellington de Melo.
Sobre o movimento “Não Foi Acidente”
O início
A ânsia por justiça foi a maior motivação de Rafael Baltresca, Nilton Gurman e amigos a criarem o movimento Não Foi Acidente.
Rafael perdeu sua mãe e irmã no dia 17 de setembro de 2011 e Nilton deu adeus a seu sobrinho Vitor alguns dias após seu atropelamento em 23 de julho do mesmo ano.
A exposição midiática desses casos somada à tristeza e apelo por justiça de inúmeras famílias foi um grande impulso à criação do movimento.
O movimento vem empreendendo, ao longo dos anos, debates, ações de conscientização e suporte a todos os movimentos de cidadania no trânsito.
Em 2014, o movimento Não Foi Acidente caminha na estruturação de uma ONG para poder continuar lutando por esta causa com mais força.
O que querem?
Mudar as leis de trânsito brasileiras, as quais têm tantas brechas e são tão permissivas. O movimento Não Foi Acidente lutará sempre por mais educação no trânsito; pela memória dos que já se foram e pela vida dos que ficaram.
Quem são
A Equipe Não Foi Acidente é formada por Rafael Baltresca, Nilton Gurman, Manuel Silvino Ferreira Fernandes, Maria Luiza Hausch, Lourdes Nunes, Gladys Ajzenberg, Rosmary Mariano, Ava Gambel e Vinicius Del Rio.
E, por todas as pessoas que têm apoiado a causa.
Os números da violência viária no Brasil:
O governo brasileiro gasta, segundo o Ministério da Previdência, 12 bilhões/ano e segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) o gasto é de R$ 40 bilhões/ano em uma guerra que enfrentamos diariamente no Brasil, as imprudências no trânsito. No que se refere às vítimas fatais da violência viária também temos dois números diferentes, segundo o Ministério das Cidades são mais de 40 mil vítimas por ano e a Líder Seguros que é responsável pelo pagamento do Seguro DPVAT afirma, esse número ultrapassa os 60 mil.
Mais da metade das indenizações por ocorrências no trânsito estão concentradas na faixa de 18 a 34 anos.
A estimativa do álcool e direção está em mais de 40%. No entanto, as pessoas bebem em determinado período, mas estão conectadas ao telefone celular 24 horas por dia, os desastres relacionados ao uso desta tecnologia pode ser o maior responsável pela violência viária nos dias de hoje.
Como funciona a lei hoje?
De acordo com os últimos casos, hoje, a pessoa que bebe, dirige e mata, pode ser indiciada por homicídio culposo – quando não teve a intenção de matar –, homicídio doloso – quando há a intenção –, ou se enquadrando em dolo eventual – quando se entende que o autor correu o risco de produzir este resultado. Se indiciado e condenado por homicídio culposo (o que acontece na GRANDE maioria dos casos) e o atropelador for réu primário, pode pegar de dois a quatro anos de prisão. A habilitação pode ser suspensa por um ano. Na prática, segundo a Constituição Brasileira, quando condenado até 4 anos de prisão, a pena pode ser convertida em serviços para a comunidade. Em outras palavras, nada acontece para quem mata no trânsito.
No indiciamento por homicídio doloso ou dolo eventual, o atropelador é julgado por júri popular e responde por mais de seis anos de reclusão, porém, tal processo vem sendo questionado e os advogados usam inúmeros recursos que podem arrastar o processo por mais de 10 anos.
O movimento Não Foi Acidente buscou ajuda na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pretende instituir tolerância zero para a mistura álcool/direção e crime culposo de trânsito com pena mínima de 5 anos.
Lançamento na livraria Cultura
Ficha técnica
Organizadora: Deborah Kietzmannn Goldemberg
Edição: 1ª
Ano de publicação: 2014
ISBN: 978-85-8009-103-8
Tamanho: 13,8 x 20,8 cm
Número de páginas: 112
Gênero: Literatura/Contos
Editora: Carlini & Caniato Editorial
Preço de capa: R$ 25,00
Peso: 127 gramas
Contatos
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